Como Coach Parental, recebo muitas perguntas sobre como aumentar a autoestima do filho, como fazer para que ele seja mais autónomo, e mais confiante.
Acredito que não existirão muitas mães, que nunca tenham “sofrido” deste controlo.
Então como é que se pode criar ou educar uma criança feliz e autónoma, se os pais insistem em ser por vezes exageradamente controladores?
Para compreendermos este padrão, temos de avaliar determinados aspetos, para conseguir perceber porque este padrão continua aparecer na nossa parentalidade.
Nós mães, agimos sempre com a melhor das intenções. Queremos sempre o melhor para os nossos filhos, e deixamo-nos iludir pela ideia de que o meu filho precisa e sempre irá precisar de mim.
“Faço isto pelo meu filho, porque é o melhor para ele”.
“Faço isto, porque quero proteger o meu filho”.
“Faço isto pelo meu filho, porque eu é que sei o que ele necessita”.
O controlo sempre vem mascarado de desculpas verdadeiras, e nós mães, vamos colocando capa sobre capa, para sermos a heroína dos nossos filhos. E fazemo-lo para evitar algum tipo de desconforto para nós e para eles. Fazemo-lo porque no nosso interior não confiamos que eles o consigam fazer tão bem quanto nós.
Desde muito cedo que lhes passamos certificados de incompetência e incapacidade. Depois quando são adolescentes, passamos o atestado dos preguiçosos que não fazem nada para nos ajudar.
Se recuares comigo no tempo, lembra-te como fizeste:
- Se eu não lhe arranjasse a mochila, chegariamos atrasados.
- Se eu não fizesse parte dos tpc, nunca levava os trabalhos feitos.
- Se não o obrigar a praticar desporto, vai ser sedentário.
- Se eu não lhe proporcionar explicações, nunca vai ser bem sucedido.
- Se eu não o chatear, ele nunca me ouve.
E poderia ficar aqui a tarde toda a referir inúmeras situações, que nós mães parece que até temos gosto de fazer por eles. Isso dá-nos a falsa ideia de que aqueles seres, precisam de nós, como o ar que respiram.
Que sem a nossa ajuda, nunca seriam ninguém.
Então e como é que funciona? Como é que posso fazer?
A curto prazo, quando controlamos as coisas e os nossos filhos, tudo parece funcionar na perfeição, mas com o excesso de controlo, a desconexão acaba por surgir. A longo prazo não irá funcionar como idealizámos, as “armadilhas” desse controlo fazem com que os nosso filhos falhem, não desenvolvendo uma forte autoestima ou autoconfiança, porque em algum momento do seu crescimento lhe foi retirada a oportunidade de fazerem coisas por si próprios, e de adquiri as competências necessárias para se tornarem jovens autónomos.

E porquê? Porque alguém sempre esteve no comando, no controlo deles.
1 - COMPREENDE O QUE IMPULSIONA ESSA TUA NECESSIDADE DE CONTROLAR.
Como é que te sentes quando estás a ser controlada por outra pessoa?
Como é que te sentes, quando não estás a ser controlada?
Porque é que sentes essa necessidade?
De que é que tens medo?
É muito desafiador uma pessoa sentir, que não se consegue controlar e que outra pessoa controla todos os seus movimentos. E quando chega a adolescencia, tudo o que os nossos filhos não querem é sentir esse controlo exagerado.
Contudo, por outro lado as mães, devido a essa pressão, parece que ainda exageram mais, o que as coloca num nível elevado de stress e ansiedade, devido ao medo do que possa acontecer, se não o fizer.
Pergunta-te a ti mesma agora: O que é que o meu filho precisa agora?
2 - ENCONTRA O ANTÍDOTO PARA O CONTROLO
Se o controlo é exagerado, e muitas vezes gera insatisfação, ansiedade, pressão ou stress, necessitamos encontrar um antídoto. O que achas?
Se conseguirmos olhar para esta necessidade de controlo como algo que afasta, que magoa, que dói e libertarmos o nosso medo do que possa vir acontecer, é mais fácil encontrar este antídoto.
É mesmo deixar ir essa necessidade de controlo. Deixares o teu filho ser livre para que seja autónomo e feliz.
Ninguém o é se tiver atrás de si sempre uma sombra julgadora, a passar atestados de incompetência, uns atrás dos outros, certo?
Até que o consigamos fazer, os nossos filhos continuarão a lutar connosco, numa tentativa de recuperar o seu autocontrolo ou então a questionarem-se a si próprios e ao seu valor por não terem esse mesmo controlo da sua própria vida.
Precisamos então, libertarmo-nos de padrões que não fazem sentido e dos medos que nos impedem de criar filhos saudáveis e responsáveis.
Para tal, é necessário mudar o nosso padrão de pensamento. Mudar a nossa mente, mudar a velocidade dos nossos pensamentos críticos em relação aos nossos filhos, e emvez de educarmos pelo controlo, medo, preocupação, dúvida, falta de confiança, começar a educar de um lugar de amor.
Aquele que confia, ensina e coopera.
E a primeira coisa a fazer, é olhares para dentro de ti.
O que se passa contigo?
Porque queres controlar os outros, se não te controlas a ti?
Consegues identificar o porquê dessa necessidade?
Os teus pensamentos, eles criam os teus sentimentos, e os teus sentimentos condicionam as tuas ações.
Se os teus pensamentos vierem de um lugar de medo, de preocupação ou dúvida, isso vai aparecer como sentimento de ansiedade, e quando etás assustada o que faze?
Agarras com mais força e apertas com mais força, não é?
Espero que consigas ver este ciclo do controlo e os efeitos que ele pode ter sobre ti e sobre a tua família.
3 - QUEBRA O CICLO DO CONTROLO
E se a partir de agora canalizasses toda a tua energia para assumires o controlo apenas dos teus pensamentos? Em vez de controlares tanto o teu filho adolescente?
Como seria?
E se procurasses investigar mais sobre as necessidades emocionais do teu filho, em vez de as controlar, como seria isso também?
As respostas estão sempre todas dentro de nós, basta procurar.
termos o poder de apenas controlar a nós próprias e aos nossos pensamentos, é empoderador.
Temos de mudar conscientemente a forma como estamos agir com os nossos filhos adolescentes.
Controlar as palavras que escolhemos. Controlar a ligação que temos à nossa essência.
Confiar mais em nós e nos nossos filhos, verás que não existe problema nenhum em te libertares e o libertares dessa “prisão”.
Nunca é tarde demais para abandonar velhos hábitos, padrões de controlo e assumires o controlo apenas da tua vida.
É fácil? Não vou dizer que sim!
Vale a pena? Absolutamente SIM!
Um xi ❤️
Maria Infante
Coach Parental